O ser e o nunca ser mesmo sendo o que não se é
Há quem é pai, há quem é pai duas
vezes, há quem, mesmo sendo pai, jamais o será, assim como há quem, nunca
sendo, o seja.
Assim como há quem é filho, e há os que jamais o serão, mesmo
tendo um pai.
Há também quem é filho daqueles que jamais foram pais, mesmo sendo
pais de fato.
E há os que jamais serão filhos, mesmo tendo pais, seja qual
natureza for.
Nunca ser algo, mesmo sendo o que não se é, se torna comum.
Sem a germinação da semente da paternidade ou da filiação, jamais
se será pai ou filho, ainda que se gere um, ainda que se seja gerado.
Ser pai está nas entranhas da humanidade daqueles que geram no
coração, mesmo jamais tendo gerado na carne, e há filhos que acolhem os
pais, mesmo jamais conhecendo quem os tenha gerado de fato.
Quem quer ser pai, e quem quer ser filho?
Deixa ‘eu’ ser, hoje, teu pai? Deixa ‘eu’ ser, hoje, teu
filho?
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