A Falácia da Justiça Social - Você tem coragem de encarar o tema?
A Falácia da Justiça Social
Autor: Carl Teichrib
Forcing Change, Volume
4, Edição 9
Nota de Berit Kjos: Estas
informações são vitais! O artigo é extenso, porém a leitura vale muito a pena.
Se você não tiver muito tempo para ler o artigo inteiro agora, leia pelo menos
a seção intitulada "Justiça Social Marxista".
(a imagem abaixo fora extraida do site: http:\\pedrodaveiga.blogspot.com.br201102falacia-sindical-lulista.html)

"... Precisamos entender que
o único caminho para a paz e para a justiça social é o socialismo... Com
classes exploradoras nunca haverá justiça social, e sem a justiça social nunca
haverá paz. [1; Celia Hart].
"... é necessário
compreender que toda teoria moderna de justiça social é ideológica. Independente
de quão sensata ou racional ela possa ser, toda teoria moderna de justiça
social é a racionalização dos interesses de um determinado grupo ou
classe." [2; William E. Murnion].
"... Todas as tendências
modernas apontam para o espectro de uma conformidade maior, terrível e sem
misericórdia. [3; Erik von Kuehnelt-Leddihn].
Um sentimento ardente e
perturbador subiu do meu peito até a minha garganta. Uma avalanche de palavras
iradas saíram da minha pequena boca. Minha indignação não podia ser sufocada.
Uma declaração final ressoou com intensa convicção:
"Quando eu for mais velho,
vou fazer alguma coisa para mudar isto."
Quantos anos eu tinha? Dez,
talvez menos. Mas eu tinha visto o suficiente para saber. Graves injustiças
tinham sido observadas.
Lembro-me bem da amarga
experiência. Eu, um garoto sensato da fazenda — e meus avós, donos de uma
pequena loja de tecidos em uma pacata cidade da campina — tínhamos viajado para
a claustrofóbica cidade de Winnipeg. O objetivo: visitar as lojas de artigos
têxteis para comprar tecidos. Depois de dois dias conhecendo os depósitos e o
chão das fábricas, eu sabia que aquilo era o fim do mundo. As condições de
trabalho eram deploráveis: pouca luz solar, cores das pinturas das instalações
inadequadas, comerciantes idosos e malcheirosos.
"— Aqui está um doce,
garoto." Parecia que estava estragado.
Em um instante crítico, minha avó
teve de me fazer calar a boca. Será que ela não sabia? Será que ninguém se
importava? A única máquina de vender Pepsi pela qual passamos no corredor
escuro tinha um aviso de importância profética: "Enguiçada". E eu
estava morrendo de sede.
Sim, a indústria têxtil — na
verdade, todo o mundo empresarial — estava enguiçado. Como alguém consegue
trabalhar em um lugar tão deprimente? O tédio sozinho era suficiente para matar
as pessoas, e estava me matando!
Depois que nos abastecemos com os
tecidos e deixamos aquela desolação urbana, tive um vislumbre de algo mais. Uma
chaminé revestida de tijolos contrastava com o céu do fim da tarde e a fumaça —
ou vapor, não importa — era arrotada para fora para sufocar a vida da natureza.
Será que aquelas pessoas não
sabem o que estão fazendo? Será que ninguém no governo tem cérebro? Não somente
a cidade era um lugar depressivo e os depósitos terríveis para os
trabalhadores, mas também as fábricas estavam para matar tudo! Quando eu
crescer, vou colocar fim a esta loucura. Outros se uniriam nesse desejo de
mudar o mundo. Salvaríamos os trabalhadores de sua intolerável escravidão e
resgataríamos o ambiente das mãos de comerciantes gananciosos. A justiça e a
vingança seriam feitas, aqui no país ou no estrangeiro.
A vovó tranquilamente me apoiou.
Vovô, de lábios cerrados, não disse nada e apenas aumentou velocidade em que
dirigia o veículo.
Mudando as Mentes
Olhando para trás, fico admirado.
Para uma mente jovem, eu tinha um forte senso de "direitos sociais" e
"justiça". E eu era o candidato perfeito para se inclinar para o lado
mais extremo do campo esquerdista. De fato, minha mente impressionável já
estava se movendo nessa direção. Sem saber, eu estava simulando uma abordagem
marxista — revolução social por meio da ação das massas — eu estava
emocionalmente convencido que a cirurgia radical era o único recurso. De onde
veio isto?
Meus pais e avós eram
agricultores sérios e donos de um negócio. Eles trabalhavam arduamente em seus
respectivos meios de vida, eram rápidos em ajudar quem necessitava de apoio, e
contribuíam com a comunidade local de diversas maneiras — inclusive, da parte
de minha mãe, com o ensino da língua inglesa para os imigrantes do Laos
(aqueles eram os dias dos refugiados que fugiam em barcos de pesca). Tanto meus
pais como meus avós enfatizavam a ética e os valores cristãos, defendiam os
injustiçados, e permaneciam independentes em face à pressão dos seus pares:
"Você nasceu original, não morra como uma cópia".
A igreja que eu frequentava tinha
raízes menonitas, mas não aderia à ideologia da Esquerda. De fato, ela tinha se
separado em parte da denominação menonita devido a uma crescente inclinação
socialista na denominação. No fundo, éramos provavelmente a única igreja
menonita não pacifista da região.
Televisão? Não. Naquele tempo a
TV consistia em Coelho Pernalonga nas noites de sábado, e papai tentando
assistir ao programa do Lawrence Welk enquanto nós, as crianças, fielmente,
imitávamos o Coiote e o Papa-Léguas. Simplesmente não havia muito tempo para a
televisão.
Escola pública? Era o fim do anos
1970s, e o currículo "ambiental" já estava em uso. No ensino médio,
do outro lado da rua, O Manual Ambiental era usado como um texto —
completo com a retórica abertamente anticristã, antifamília, e
anticapitalista(Veja Forcing Change, volume 3, número 2). O Manual
Ambiental, para todos os efeitos práticos, era uma chamada marxista/trotskista
à ação radical "verde" — "nada menos que uma transformação total
é necessária". (The Environmental Handbook, 1970, pág. 330). Outros textos
escolares, como Prose of Relevance e Worlds in the Making, formavam as
mentes para aceitarem inúmeras mudanças culturais — incluindo o movimento em
direção aos ideais socialistas e tecnocráticos. [4].
A escola primária e secundária
também testemunharam um fluxo constante de transformação curricular. Lembro-me
de ouvir sobre os problemas crescentes da superpopulação e a destruição do
ecossistema causados pela avidez humana e pela poluição. A injustiça estava
acontecendo em diferentes partes do mundo. A aniquilação nuclear era iminente.
Quer declarada ou sutil, a
mensagem era clara: As velhas formas de como a sociedade funcionava já não
podiam ser toleradas. Muito estava em risco, e era responsabilidade da minha
geração corrigir os problemas do mundo. Independente se os professores estavam
cientes ou não, estávamos sendo moldados para mudar o sistema. Assim, uma
diversidade de alternativas culturais e sociais entraram na sala de aula —
incluindo o marxismo.
O fim dos anos 1960 e o início
dos anos 1970 foi uma época crítica para a sociedade ocidental. A nova
Esquerda, com suas técnicas de vanguarda, desafiou as normas culturais
tradicionais. O radicalismo colidiu com o convencionalismo, a cultura das
drogas floresceu e as formas orientais de espiritualidade se tornaram uma
tendência. Nos EUA, o bem-estar social ou "estado servil" foi muito
ampliado, incluindo experiências com moradia comunitária. Tudo isto foi
acoplado à Guerra do Vietnã, primeiramente desmoralizando a França e depois os
Estados Unidos. Durante aquele tempo, grupos de "paz" repetiam como
papagaios a propaganda soviética; o capitalismo era igualado ao
"belicismo", enquanto que o socialismo refletia equidade e paz.
O Ocidente, solapado pelas ideias
progressistas (esquerdistas), abraçou esta tendência, embora Frederick C.
Barghoorn, um professor de Yale que tinha sido preso pelo governo soviético em
1963, tenha advertido sobre o uso da "paz" como método para promover
a ideologia marxista. Publicado um ano antes de sua detenção e libertação, seu
livro Soviet Foreign Propaganda (Propaganda Externa Soviética)
forneceu uma importante advertência:
"Deve ser enfatizado que
todos os líderes soviéticos, desde Lênin e Trotski até Stalin e Khrushchev, se
empenharam em sua propaganda de paz para atrair tanto os revolucionários que
procuram a derrubada da democracia constitucional, quanto empresários
ocidentais, progressistas, pacifistas, e o público em geral cujo conceito
não-dialético de paz estava limitado à simples ausência de conflito
armado." [5].
Os progressistas e pacifistas das
nações ocidentais eram vistos como atores importantes na causa do marxismo
internacional. A importância deles não veio de um conhecimento do programa
Moscou-hegeliano-marxista, mas, de sua ignorância. Convencidos de terem um
terreno moral mais elevado e cegos por uma sensação de esclarecimento, esses
indivíduos promoveram a agenda comunista agindo com base na emoção do
ideal. Em outras palavras, eles foram emocionalmente atraídos a uma causa de
"justiça social" de orientação marxista; a "condição dos
trabalhadores", as desigualdades econômicas e sociais, o desejo pela
justiça baseada em classe, e a "luta pela paz". Esses indivíduos
então se tornaram ativistas, educadores e definidores da opinião cultural. E
eles exigiam a transformação social que, invariavelmente, deveria ter um tom
anticapitalista e anti-individualista. Os garotos em Moscou sorriram
satisfeitos.
A única maneira de "garantir
a paz permanente no mundo", da perspectiva marxista, explicou Barghoon, é
a "eliminação do capitalismo". [6]. A paz, a solidariedade, e a
justiça pulsaram com um batimento leninista por todo este período de tempo
turbulento. O capitalismo, com sua ênfase na propriedade privada e na livre
economia, era considerado a principal causa do conflito social. O socialismo,
com sua ênfase na comunidade e na ordem social, era o caminho para o progresso.
Esta ideologia de esquerda foi
solidamente embutida na educação canadense durante os anos 1970 e, a partir
desse ponto, suas impressões digitais podem ser observadas em praticamente
todos os principais sistemas institucionais, incluindo as igrejas.
Retna Ghosh e Douglas Ray, no
prefácio de seu livro de 1987, intitulado Social Change and Education in
Canada ("Mudança Social e Educação no Canadá"), fornecem um
breve esboço das teorias sociais que moldaram a educação moderna. Isto incluiu
o Darwinismo Social, de Herbert Spencer, as teorias de conflito de Karl Marx,
modernização e o conceito de capital humano com sua ênfase no desenvolvimento
da mão-de-obra. Cada qual impactou o sistema escolar canadense, como também
fizeram a tecnocracia e uma série de outras filosofias. E, embora o sistema
possa ver distinções nessas teorias, a sala de aula estava muito mais confusa.
Na verdade, qualquer uma dessas teorias — ou o conjunto de todas elas — pode
modificar a visão de mundo do aluno. Todavia, raramente o aluno entende o ideal
que está por trás do currículo.
Como Ghosh e Ray explicam:
"A mudança social, seja ela
gradual ou revolucionária, é inevitável e traz consigo novos padrões de
interação social. O lugar da educação nesse processo é complexo e
crítico." (Social Change and Education in Canada, pág. vii).
Para a mente de um jovem, no fim
dos anos 1970, bombardeada por uma série de padrões educacionais conflitantes,
a luta emocional ligada às questões sociais exploradas parecia o mais
relevante. Não admira que minha viagem para Winnipeg tenha terminado com um
apelo trotskista para a revolução.
O que tudo isto tem a ver com
"justiça social"? Tudo.
Justiça Social Católica
No mundo cristão de hoje — e na
cultura ocidental em geral — há uma infinidade de mudanças ocorrendo, e com
elas vêm uma nova linguagem. A "justiça social" é certamente o centro
das atenções. Jim Wallis, da Sojourners, usa esse termo repetidamente. O
livro do autor cristão emergente Brian McLaren, Everything Must Change (Tudo
Precisa Mudar), visa reformular o cristianismo em um contexto de justiça
social. A Igreja Cristã Reformada tem o gabinete de Justiça Social, assim como
o Exército da Salvação, a Igreja Menonita dos EUA, a Igreja Metodista Unida, a
Igreja Unida do Canadá. Além disso, uma lista interminável de outras
denominações e órgãos da igreja falam a respeito da "justiça social".
Mas de onde vem este termo, e
qual a sua história dominante?
O termo "justiça
social" parece ter sido empregado pela primeira vez no início de 1840, por
um teólogo católico e jesuíta italiano, Luigi D'Azeglio Taparelli [7]. Como
Daniel M. Bell aponta em seu livro Liberation Theology After the End of
History (A Teologia da Libertação Após o Fim da História), o conceito de
D'Azeglio era "justiça como uma virtude geral que coordenava todas as
atividades com o bem comum". [8].
O conceito de virtude é
importante, pois traz consigo um tom de caridade. A visão de Taparelli girava
em torno da justiça como um sistema de normas morais que incluíam direitos
individuais e liberdade de associação. A grande maioria da comunidade — a
"soma total de bens individuais" [9] — se beneficiaria. Essa forma de
"justiça" também era conhecida como justiça econômica, e via a
redistribuição da riqueza como uma coordenação de direitos. A administração
direta do governo deveria ser evitada sempre que possível, pois Taparelli
reconhecia o perigo da centralização. [10].
Em 1891, o papa Leão XIII
publicou sua encíclica Rerum Novarum (em português: "Das Coisas
Novas"), que tratava das condições da classe trabalhadora, do direito à
propriedade privada, e os relacionamentos no ambiente de trabalho. Leão XIII
rejeitou o comunismo e a ganância que surge a partir da aplicação amoral do
capitalismo e, ao invés disso, defendia que os trabalhadores e o empregador
deveriam chegar a um acordo honesto em relação ao trabalho e ao salário.
Décadas mais tarde, o papa Pio XI
escreveu sua encíclica Quadragesimo Anno, em que denunciou o comunismo e,
ao mesmo tempo, adotou a redistribuição da riqueza — a divisão de benefícios —
como uma função de uma justiça social (§ 57).
"Por esta lei de justiça
social, uma classe fica proibida de excluir a outra da partilha dos benefícios".
Embora essa ideia tenha começado
a ampliar os limites anteriores da justiça social católica, pelo menos ele
reconheceu que todos os lados da divisão de classes poderiam ser atores
negativos: o rico retendo os salários devidos ao trabalhador e o trabalhador
exigindo tudo do rico. Exceto isto, o sistema de livre mercado não era um meio
aceitável de construir uma civilização baseada na justiça social.
"Assim como a unidade da
sociedade humana não pode ser fundada sobre a oposição de classes, assim também
a correta ordenação da vida econômica não pode ser deixada à livre concorrência
das forças. A partir dessa fonte, a partir de uma fonte venenosa, têm se
originado e propagado todos os erros do ensino econômico individualista... a
livre concorrência, embora justificada e certamente proveitosa desde que
mantida dentro de certos limites, evidentemente, não pode dirigir a vida
econômica — uma verdade que a consequência da aplicação na prática dos
princípios deste espírito maligno e individualista tem mais do que
suficientemente demonstrado. Portanto, é mais necessário que a vida econômica
seja novamente submetida e governada por um princípio diretor verdadeiro e
eficaz". (§ 88).
Durante a leitura da encíclica,
uma perturbadora linguagem ambígua aparece. O comunismo é criticado, porém o
livre mercado é maligno. Nesta dialética o resultado final é que "certos
tipos de propriedade... devem ser reservadas ao Estado." A
"autoridade pública", segundo Pio XI, deve manter a propriedade das
empresas que promovem o "bem-estar geral". (§114-115) A descida da
ladeira escorregadia tinha agora começado de fato; "justiça social"
seria a desculpa por excelência na proposta para um sistema coletivista global.
Falando acerca do ponto de vista
de Pio XI sobre a justiça econômica, o papa João XXIII salientou que "o
objetivo do homem deve ser alcançar, na justiça social, uma ordem judicial
nacional e internacional, com sua rede de instituições públicas e privadas, em
que toda atividade econômica possa ser conduzida não meramente para fins
privados, mas também no interesse do bem comum." [11]. João XXIII advogava
uma "autoridade universal" para assegurar esse "bem comum".
[12].
Mais tarde, em 1965, o papa Paulo
VI fez comentários similares em um discurso na Organização das Nações Unidas,
sugerindo abertamente o "estabelecimento de uma autoridade mundial".
[13]. Por quê? Porque uma autoridade mundial é necessária para estabelecer e
manter o "bem comum" internacional. Nesse mesmo ano, o documento de
Paulo VI Gaudium et Spes — Constituição Pastoral sobre a Igreja no
Mundo Moderno — reconheceu que a Igreja Católica tem um importante papel a
desempenhar na construção de "uma comunidade pacífica e fraterna das
nações". (§ 90).
Nesse sentido, ele recomendou na
Seção II, intitulada "Criação de uma Comunidade Internacional", a
criação de um órgão católico destinado à promover a "justiça social
internacional". (§ 90) O individualismo foi aprovado no documento, mas
deve apoiar o bem maior. O coletivismo na produção foi considerado errôneo, mas
uma forma de coletivismo social foi considerada necessária.
Um trecho do 65° parágrafo
demonstra essa relação de justiça social:
"Os cidadãos, por outro
lado, devem lembrar que é seu direito e dever, o que também é reconhecido pela
autoridade civil, contribuir com o verdadeiro progresso de sua própria
comunidade de acordo com sua capacidade... Aqueles que retêm seus recursos
improdutivos ou aqueles que privam sua comunidade da ajuda material ou
espiritual que ela necessita — salvo o direito de migração — gravemente põem em
risco o bem comum."
Aqui, vemos uma oscilação para
muito além da ideia anterior de uma virtude caridosa. A implicação é clara:
você irá participar. No contexto desse documento em particular, essa
participação inclui as exigências de uma comunidade global e uma autoridade
civil mundial.
Embora o papa João Paulo II tenha
sido considerado mais conservador, ele também apoiou um programa de justiça
social com enfoque global. Isso ficou evidente em seu endosso aos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio da ONU, que gravitam em torno da redistribuição da
riqueza. [Nota: Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio têm metas
admiráveis, porém os métodos são altamente suspeitos.] Os bispos católicos dos
EUA, durante o pontificado de João Paulo II, foram claros a respeito da justiça
social em sua carta Justiça Econômica para Todos, publicada em 1986:
"O bem comum às vezes pode
exigir que o direito ao próprio seja limitado por envolvimento público no
planejamento ou na propriedade de certos setores da economia. O apoio à
propriedade privada não significa que alguém tenha o direito de acumulação
ilimitada de riqueza." (§115).
De maneira interessante, os
comentaristas católicos de todos os lados do espectro político descreveram o
documento dos bispos como "pró-capitalista". Entretanto, uma rápida
leitura demonstra que a Justiça Econômica para Todos é pró-socialista. Sim, a
responsabilidade do indivíduo é destacada e a propriedade privada é legalizada.
No entanto, é a versão dos bispos de justiça que exibe um conjunto
diferente de cartas, com seu apelo coletivista, programas governamentais
direcionados a solucionar os males sociais. Os indivíduos, portanto, são obrigados a
contribuírem para o bem comum. Em outras palavras, se você pode contribuir para
o bem comum, entãoprecisa contribuir. Isto é similar à máxima marxista:
"De cada um segundo sua
capacidade, a cada um, segundo sua necessidade."
Escrevendo para o Journal of
Business Ethics (Jornal da Ética Empresarial), William E. Murnion faz uma
avaliação direta do texto dos bispos: "... a concepção de justiça que
apoiam é... claramente socialista e mais, comunista". Murnion reconheceu
que os bispos não eram "cripto-comunistas", apenas que a
"concepção de justiça social deles é de fato idêntica ao princípio comunista
de justiça, embora os bispos tenham chegado a ela a partir de uma rota
completamente oposta à de Marx." [14].
Lembre-se também que a década de
1980 foi a era da Teologia da Libertação na América Latina, que combinou formas
revolucionárias de marxismo com ensinos sociais católicos. Embora o Vaticano
tenha rejeitado certos aspectos da Teologia da Libertação, esse marxismo
romanista foi, no entanto, uma extensão lógica da "justiça social".
Finalmente, a partir da
perspectiva católica, o papa Bento XVI demonstrou amplamente sua afinidade com
a justiça social com sua encíclica Caritas In Veritate (Nota: AForcing Change publicou
uma extensa análise desse documento no Volume 3, Edição 8). Aqui, a justiça
social é reconhecida como uma questão de importância econômica e política
primordial, que vai além da abordagem do livre mercado.
E como um recorde quebrado, o
sistema de mercado deve ser dirigido "rumo a busca do bem comum". (§
36).
"A comunidade política",
assim explicou Bento XVI, "deve também assumir a
responsabilidade". A redistribuição econômica, de acordo com essa
encíclica, é justiça. O papa também recomendou que as Nações Unidas sejam
reformadas, junto com a economia global, de modo que uma "verdadeira
autoridade política mundial" possa emergir "com força". (§ 67)
Por quê?
Para "tentar estabelecer o
bem comum". (§ 67).
Concluindo esta seção: Apesar de
alguns ensinamentos do papa defenderem a propriedade privada e rejeitarem o
comunismo, como Leão XIII na Rerum Novarum, a hierarquia católica romana
durante o século passado tem, crescentemente, construído uma ponte entre a
"justiça social" e o coletivismo econômico e político.
Entretanto, outro movimento
histórico surgiu paralelamente à versão católica moderna de justiça social,
dando energia ativa à frase. E se a ideia do papa de justiça social
encontrou-se na ladeira escorregadia do coletivismo, esse movimento paralelo
intencionalmente se dirigiu para a parte mais baixa da colina.
Justiça Social Marxista
Há várias gerações que existe
um lado ativista junto com a ideia da redistribuição da riqueza.
Essa frente popular, com uma rede de grupos dissidentes, organizações e
companheiros de viagem, usou a "justiça social" como grito de guerra
para a transformação social. De fato, esse movimento é muito vivo hoje em dia,
e continua a usar o termo como um estandarte eficaz. Esses agitadores da
bandeira da justiça social são os pregadores mais eloquentes do coletivismo; os
seguidoras de Karl Marx, Lenin, Stalin, Mao, Fidel Castro e dezenas de outros
líderes socialistas e comunistas.
Os comunistas e os radicais
sociais têm sido, facilmente, os vencedores quando se trata de empregar esse
termo. A Internacional Socialista sempre usou esse termo, como também as
organizações trotskistas, as facções vermelhas, e uma infinidade de partidos
políticos socialistas. Ele é também um dos termos favoritos do Partido Verde,
com uma pequena diferença de significado de seus irmãos socialistas.
A ideia de justiça social dentro
de um contexto político remonta um longo percurso. Em 1848, a
Sociedade Fraternal dos Democratas, um órgão internacional que conviveu
com Karl Marx e Friedrich Engels, divulgou uma ameaça velada contra o
sistema britânico:
"Que as classes
privilegiadas renunciem às suas usurpações injustas e estabeleçam a igualdade
política e a justiça social, e assim a Inglaterra não terá nada a temer de um
mundo armado." [15].
Marx e Engels elaboraram sua
"ciência do socialismo" durante o mesmo período de tempo da
"justiça social" de Luigi Taparelli D'Azeglio. E o Manifesto
Comunista foi publicado no mesmo ano em que a Sociedade Fraternal dos
Democratas propunha a justiça social. Sob o comunismo, a redistribuição da
riqueza deveria ser usada para fins sociais. Nessa estrutura, a propriedade
privada para ganho pessoal era vista como a pedra angular do sistema de
classes, e era considerada a causa das injustiças sociais e dos conflitos.
Portanto, a redistribuição da riqueza era destinada à criação de uma sociedade
em que todas as pessoas seriam economicamente iguais. Assim, a abolição da
propriedade burguesa (pertencente à classe capitalista) era a chave
para o comunismo.
Para fazer isto funcionar, algo
mais seria necessário: Uma estrutura para dar voz política às massas. Marx e
Engels olharam para a democracia. Uma vez que o proletariado (a classe
operária) tivesse alcançado o poder político, um sistema social mais justo
poderia ser gerado.
"... O primeiro passo para a
revolução da classe operária, é elevar o proletariado à posição de classe
dominante, para vencer a batalha da democracia."
"O proletariado utilizará
sua supremacia política para arrancar, aos poucos, todo o capital da burguesia,
para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é,
do proletariado constituído como classe dominante, e para ampliar o total da
capacidade produtiva o mais rápido possível."
"É claro que, no início,
isso não pode ser executado, exceto, por meio da usurpação despótica dos
direitos de propriedade..." [16].
Este conceito de justiça social,
a ascensão de uma classe "oprimida" por meio da degradação de outra
classe, é um processo reacionário baseado no despertar da inveja. Neste nível
básico, o comunismo está diretamente ligado à Revolução Francesa — um evento
que acendeu o fervor revolucionário no mundo inteiro e cujos disparos ecoam
ainda hoje. Erik von Kuehnelt-Leddihn, um filósofo austríaco e defensor da
liberdade, fornece o contexto histórico:
"Se alguém pegar papel e
caneta e fizer uma estimativa de quantas pessoas foram assassinadas ou mortas
na batalha por causa das ideias da Revolução Francesa, em seus vários estágios,
aspectos, e formas revolucionárias, por causa das ideias de igualdade,
identidade étnica ou racial, uma 'sociedade sem classes', um 'mundo seguro pela
democracia', um 'povo de raça pura', 'justiça social verdadeira alcançada pela
engenharia social' — chegará simplesmente a um total inacreditável. Até o
Holocausto judeu perpetrado pelos nacionais-socialistas, com seus cinco ou seis
milhões de mortos, poderá parecer quase que uma gota de água em um balde."
[17].
Tecendo o fio da inveja e da
mudança social, Kuehnelt-Leddihn nos faz lembrar que:
"Nos últimos 200 anos a
exploração da inveja, sua mobilização entre as massas, juntamente com a
depreciação dos indivíduos, porém, mais frequentemente das classes, etnias e
comunidades nacionais ou religiosas, tem sido a verdadeira chave para o sucesso
político. A história do mundo ocidental desde o fim do século 18 não pode
ser escrita sem esse fato sempre em mente. Todos os "ismos"
esquerdistas tocam neste tema, ou seja, no privilégio de grupos, grupos
minoritários, que na verdade, são objetos de cobiça e ao mesmo tempo temas de
inferioridades intelectuais-morais. Eles não têm direito às suas posições
elevadas. Eles devem estar em conformidade com o resto, devem se tornar idênticos
ao "povo", devem renunciar aos seus privilégios, devem se conformar. Se
falam outra língua, devem deixar de usá-la e falar a língua da maioria. Se são
ricos, suas riquezas devem ser tributadas ou confiscadas". [18] (grifos no
original).
Este método de despertar a
inveja, frequentemente mascarada de virtude — "estamos fazendo isto em
prol dos pobres e oprimidos" — é construído com base em um sentimento de
superioridade moral e indignação, que em seguida se fermenta em ódio e
"ação social". Neste ponto a emoção do ideal se transforma
no condutor da transformação. Apoiado sobre esse elevado ponto auto-construído,
rapidamente, aprovamos o socialismo (o roubo de todos para o "bem
maior"). Ou, descontentes com a lentidão do socialismo, buscamos o comunismo
por meio da revolução (a destruição de uma classe para o "bem
maior"). De qualquer maneira, instituímos o coletivismo —a capacitação
daqueles que reivindicam conduzir o bem geral.
Em tudo isto, a democracia
aparece em plena forma, assumindo um papel de purificação expressa como "O
Governo das Massas". Aquele que controla a maior multidão por meio da
emoção do ideal é quem governa. A mudança social então ocorre, seja por meio
das urnas, ou pelo cano de uma arma. Não importa: A massa falou, a igualdade
será imposta, e poderemos sentir a "calorosa sensação de rebanho da
fraternidade". [19].
Herbert Read, um crítico
literário e ex-marxista, compreendeu bem essas conexões:
"O comunismo é uma forma
extrema de democracia, e é totalitário; entretanto, o Estado totalitário sob a
forma do fascismo é igualmente uma forma extrema de democracia. Todas as formas
de socialismo, seja o socialismo estatal do tipo russo, o socialismo nacional
do tipo alemão, ou o socialismo democrático do tipo britânico, são
declaradamente democráticos, isto é, todos eles obtêm aprovação popular por
meio da manipulação psicológica das massas." [20].
Ao longo dos anos, líderes
comunistas e socialistas têm reunido as massas com a mensagem de desigualdade
("opressão") e a solução da justiça social: igualdade econômica.
"O comunismo estava destinado a ter um propósito universal libertador. Ele
iria colocar um fim nas desigualdades e estabelecer a real justiça
social." [21].
Em 1898, Eugene V. Debs —
posteriormente chamado de "O maior marxista da América" — igualou uma
sociedade coletiva, a liberdade industrial e a justiça social. [22]. Alguns
anos mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, ele observou que a paz
permanente baseada na justiça social não poderia ocorrer até que o "despotismo
industrial nacional" fosse substituído pela "democracia industrial
internacional". O lucro econômico era um anátema para a paz, e o fim da
guerra só poderia vir com "o fim do lucro e da espoliação entre as
nações". [23]. Uma nova ordem era necessária, em que uma classe era
despojada e substituída por um mecanismo internacional e humano mais
progressista.
V. I. Lenin e sua turma
"chegaram ao poder com um ambicioso programa de medidas destinado a
assegurar a justiça social e a melhorar a vida dos pobres." [24]. Maxim
Gorky, que foi um amigo de Lenin, expressou isto em palavras louváveis de
apreço:
"... Seria uma tarefa
difícil pintar o retrato de Vladimir IIyitch Lenin. Suas palavras eram tanto
parte de sua aparência externa como as escamas são para um peixe. A simplicidade
e a franqueza de tudo o que ele disse eram uma parte essencial de sua natureza.
Os feitos heróicos que ele realizou não estão cercados por nenhuma auréola
resplandecente. O seu heroísmo era aquele que a Rússia conhece bem — a
modéstia, a vida austera de auto-sacrifício do verdadeiro intelectual
revolucionário russo que, em sua crença inabalável na possibilidade de justiça
social na terra, renuncia a todos os prazeres da vida a fim de trabalhar pela
felicidade da humanidade." [25].
O resultado foi desastroso.
Mervyn Matthews nos conta: "As tentativas de banir a 'exploração
capitalista' simplesmente destruíram as classes mais ricas sem beneficiar mais
do que uma pequena proporção dos pobres." [26].
Mas, aquilo beneficiou Lenin e
sua turma. Não se impressione com a montanha de cadáveres; o progresso sempre
tem um preço.
"Desde que a Revolução
Francesa estabeleceu um novo padrão elevado de liberdade política no mundo, não
houve nenhum outro avanço no progresso democrático e na justiça social
comparável com a Revolução Russa..." (Partido Socialista da América, nota
à imprensa, agosto de 1918).
Em 1922, a Revolução Russa tinha
custado as vidas de 6 a 10 milhões de pessoas.
Décadas depois nas Américas,
Fidel Castro resumiu a revolução cubana "como uma aspiração por justiça
social". [27]. Che Guevara resumiu sua sangrenta revolução como uma
"luta armada pela liberdade de direitos e pela justiça social." [28].
Esse tema bruto é comum a todos os levantes da esquerda, porque repousa no coração
de todas as ideologias esquerdistas. A Série de Aulas Sobre Justiça Social, de
Will Miller, demonstra esse fato por meio do simbolismo em seu estandarte:
Marxismo, paz mundial, revolução social, feminismo, etc.
Celia Hart, uma
internacionalista, em dezembro de 2003, coloca desta forma:
"... Precisamos entender que
o único caminho para a paz e para a justiça social é o socialismo. A
coexistência pacífica e todas as suas falácias tragicamente perderam sua
oportunidade de triunfar. Com classes exploradoras nunca haverá justiça social,
e sem a justiça social nunca haverá paz... Vamos unir o povo sob a bandeira da
Internacional. O mundo nunca precisou, como agora, se lembrar do dia 7 de
novembro (o aniversário da Revolução de Outubro). Devemos compreender como
nunca que a bandeira do bolchevismo nunca morreu... E vamos gritar aos nossos
inimigos, independente de sermos chamados por eles de terroristas, que não
lutaremos pela guerra imperialista, ou pela paz miserável das injustiças;
lutaremos juntos pela revolução socialista em combate permanente. Trabalhadores
de todo mundo, uni-vos!" [29].
Isto é um chamado radical. Hoje,
vemos a justiça social ligada a uma miríade de movimentos radicais, incluindo o
ambientalismo. Termos moralmente elevados e que soam bonitos aos ouvidos surgem
dessa união marxista-verde: "Eco-justiça", "justiça-verde",
e "justiça climática".
Em 1990, o governo da província
canadense de Manitoba, com a participação da UNESCO, convocou a prestigiosa
Conferência Mundial da Energia do Meio Ambiente e da Economia. O tema foi
provocativo: "Estratégias de Desenvolvimento Sustentável e a Nova Ordem
Mundial".
Um relatório foi divulgado com os
resultados, intitulado Programa de Desenvolvimento Sustentável para um
Novo Mundo. O Capítulo 2, "Rumo à Constituição Global Verde"
apresenta uma seção com o subtítulo "Justiça Social". O controle
populacional, os regulamentos da energia verde e sistemas contábeis que sugerem
"uma política oficial global de uma criança por família", e o
"princípio da igualdade econômica global", seriam fundamentais para o
"governo verde", dizia o texto. Os direitos humanos poderiam também
estar na linha de frente. Tenha em mente que o seguinte, foi considerado uma
situação positiva das coisas:
"Popular ou não, os governos
verdes irão se opor à qualquer cultura, se esta se revelar prejudicial em razão
de gênero, idade, cor, etnia, religião, crença, orientação sexual, condição
física ou mental, estado civil, composição familiar, fonte de renda, opinião
política, nacionalidade, preferência de idioma ou lugar de origem." [30].
"Atitudes intoleráveis"
não serão permitidas, tudo em nome da proteção aos oprimidos. Agora, a opressão
real é má. Ninguém em perfeito juízo quer que o despotismo ocorra ou floresça.
Mas a justiça social à moda coletivista é a forma mais perigosa de opressão que
se possa imaginar. Além disso, o verdadeiramente oprimido — como os camponeses
da antiga União Soviética — raramente têm sua carga aliviada sob a justiça
social. Em vez disso, com a destruição do capital criativo inerente ao mercado
livre, a situação dos fracos continua. A vida se torna mais difícil.
Não é de se admirar que F. A.
Hayek tenha chamado a justiça social baseada no marxismo de
"pseudo-ética". Uma ética "é reprovada em todos os critérios que
um sistema de regras morais deve satisfazer, para assegurar a paz e a
cooperação voluntária dos homens livres." [31].
Usando Corretamente Nossos Termos
"Minha igreja tem um mandato
de justiça social... Isto é algo que apoio."
Parece bom, mas você pode me
dizer o que isto significa? A resposta usual que recebo, felizmente centra-se
em alimentar os pobres, ajudar em um abrigo para os sem-teto ou em uma casa de
apoio, dar assistência aos idosos, trabalhar com adolescentes problemáticos ou
ajudar a manter um orfanato.
Desculpe, isto não é justiça
social. O conceito predominante de justiça social nos últimos 150 anos tem sido
focalizado na ladeira escorregadia da redistribuição da riqueza defendida pelos
papas e em uma versão marxista de coletivismo. Alimentar os pobres e ajudar os
necessitados, a partir de uma perspectiva cristã, não é justiça social — é a
compaixão bíblica, um ato generoso de amor. Atos como esses de compaixão
envolvem vidas individuais, e estão baseados no chamado cristão de amar aos
outros mais do que a si mesmo. Este é o âmago da compaixão: Um indivíduo vê uma
necessidade e, operando com amor, aproxima-se para atender a essa necessidade.
As igrejas também devem funcionar de maneira semelhante. Uma necessidade é
manifesta e, movida pela compaixão, a congregação trabalha para resolver o
problema. A coerção nunca entra em cena, nem um programa político emerge, nem
um chamado à igualdade econômica é ouvido.
A parábola bíblica do Bom
Samaritano revela a verdadeira compaixão (Lucas 10). Um homem judeu havia sido
espancado, roubado e abandonado à morte no caminho. Várias pessoas passaram por
ele, incluindo um religioso. Entretanto, um viajante samaritano vê o homem e,
embora pertença a um grupo étnico que é desprezado pelo homem espancado, ele
reconhece o desespero e age individualmente — tratando de suas feridas e
provendo um lugar de repouso e abrigo. E o samaritano paga todas as despesas
sem exigir devolução ou recompensa, seja por parte da vítima, de sua família ou
da comunidade, ou do governo ou da classe dominante.
No entanto, se o samaritano fosse
um defensor do tema dominante na justiça social, ele teria agido por uma causa
diferente e para fins diferentes. O samaritano teria usado a ocasião para fazer
lóbi pela transformação social:
Os salteadores eram realmente
vítimas de um sistema econômico injusto, e agiram em resposta à opressão da
classe dominante.
A fim de fazer justiça a essa
classe oprimida, e dirigi-la de volta a uma comunidade solidária, a
redistribuição de riqueza equitativa deve ser realizada. Os ricos devem ser
tributados para financiar programas sociais necessários. Uma sociedade mais
equitativa é necessária.
Quem assumirá as despesas médicas
da vítima? A comunidade ou os ricos.
Este trágico acontecimento, o
samaritano diria, é um lembrete figurativo da luta de classes. Todos somos
vítimas de uma ordem econômica injusta. Portanto, devemos ser "a voz dos
que não têm voz" e defender a mudança social radical.
No âmbito da justiça social, há
outro programa que se esconde por trás do trágico: Uma causa político-econômica
pega carona e é alavancada — a causa da igualdade econômica por meio da
redistribuição da riqueza. Não se trata de realmente ajudar a vítima, mas
de fazer uso da vítima.
A justiça bíblica, por outro
lado, nunca busca desmantelar as estruturas de classes. Más ações são
condenadas, mas isto não é específico para uma determinada camada social.
Considere as palavras de Levítico 19:15: "Não farás injustiça no
juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o
teu próximo."
O Dr. Mark W. Hendrickson ajuda a
colocar as coisas em perspectiva:
"A justiça (bíblica) não
apenas significa que ninguém deve ser perseguido por ser pobre ou favorecido
por ser rico, mas que (contrariamente à doutrina da justiça social) ninguém deve
ser perseguido por ser pobre ou favorecido por ser rico". [32].
O Dr. Hendrickson completa:
"O principal erro dos
praticantes da 'justiça social' de hoje é sua hostilidade à desigualdade
econômica por si só. A teoria da justiça social falha em distinguir entre as
disparidades econômicas que resultam de atos injustos e as que fazem parte da
ordem natural das coisas. Todos os cristãos se opõem à ações injustas... Mas,
não é necessariamente injusto que algumas pessoas sejam mais ricas que as
outras."
"Deus nos fez diferentes uns
dos outros. Somos desiguais em aptidão, talentos, habilidades, ética do trabalho,
prioridades, etc. Inevitavelmente, essas diferenças resultam em alguns
indivíduos que produzem e obtêm muito mais riqueza do que os outros. À medida
que aqueles que no campo da "justiça social" se tornam obcecados em
eliminar a desigualdade econômica, eles se vêem em guerra com a natureza da
criação do Criador."
"A Bíblia não condena a
desigualdade econômica. Você não pode ler Provérbios sem enxergar que algumas
pessoas são pobres por causa de seus próprios vícios. Não há nada injusto no
fato de as pessoas colherem aquilo que semearam, seja a riqueza ou a
pobreza."
"O próprio Jesus não
condenou a desigualdade econômica. Sim, Ele repetidamente advertiu sobre as
armadilhas da riqueza material, Ele condenou a confortável convenção e
tendência dos fariseus de considerarem a prosperidade como um sinal de honra e
superioridade, Ele ordenou a compaixão para com os pobres e com os que sofrem.
Mas, Ele também disse a seus discípulos: 'Porquanto sempre tendes convosco
os pobres.' (Mateus 26:09) e, na Parábola dos Talentos (Mateus 25:24-30),
Ele condenou a falta de um uso produtivo dos talentos recebidos de Deus — sejam
muitos ou poucos, excepcionais ou comuns. Na parábola, um senhor toma o
dinheiro do seu servo que menos tinha recebido e o entrega para o servo que
mais tinha recebido, aumentando assim a desigualdade econômica."
"A missão do Senhor foi nos
redimir do pecado, não redistribuir nossa propriedade ou impor uma igualdade
econômica sobre nós. De fato, Jesus explicitamente se recusou a prejudicar os
direitos de propriedade ou pregar a igualdade econômica, quando respondeu ao
homem que lhe pediu para dizer a seu irmão para dividir a herança com
ele: 'Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?' (Lucas
12:14)" [33].
Devo confessar que é fácil cair
na maneira de pensar da justiça social. Meu discurso retórico da infância sobre
o que eu concebia serem injustiças, me mostrou, retrospectivamente, a força de
um ideal emocional. No entanto, se por algum motivo eu tivesse seguido no meu
desabafo hipócrita, e me tornado um defensor da justiça social, no verdadeiro
sentido da frase, uma triste ironia teria ocorrido: Em nome da
"justiça", eu teria promovido o roubo socialmente sancionado.
Queridos cristãos, vamos agir com
compaixão, ser caridosos, e buscar a verdadeira justiça; sejamos sábios em
nossas ações, claros na nossa linguagem e honestos em nossas motivações.
Notas Finais
1. Celia
Hart, The Flag of Coyoacan, editado por Walter Lippmann em agosto de 2004.
Reimpresso em www.Marxist.org.
2. William
E. Murnion, "The Ideology of Social Justice in Economic Justice For
All",Journal of Business Ethics, pág. 848, 1989.
3. Erik
von Kuehnelt-Leddihn, Leftism: From de Sade and Marx to Hitler and Marcuse(Arlington
House, 1974), pág. 17.
4. Prose
of Relevance, Volume 1 & 2 (Methuen, 1971); Maryjane Dunstan and Patricia
W. Garlan, Worlds in the Making: Probes for Students of the Future (Prentice-Hall,
1970).
5. Frederick
C. Barghoorn, Soviet Foreign Propaganda (Princeton University Press,
1964), págs. 93-94.
6. Ibidem
pág. 89.
7. Marvin
L. Krier Mich, Catholic Social Teaching and Movement (Twenty-Third
Publications, 1998), pág. 80-81. Veja também Daniel M. Bell, Liberation
Theology: After the End of History (Routledge, 2001), pág. 104.
8. Daniel
M. Bell, Liberation Theology After the End of History (Routledge,
2001), pág. 104.
9. Ibidem,
pág. 104.
10. Thomas
Behr, “Luigi Taparelli and Social Justice: Rediscovering the Origins of a
Hollowed Concept,” Social Justice in Context, Volume, 1.
11. Papa
João XXIII, Mater et Magistra, Parágrafo 40.
12. Papa
João XXIII, Pacem in Terris, veja a Seção 4, Parágrafos 130 a 141.
13. Papa
Paulo VI, Discurso na ONU, 4 de outubro de 1965; Seção 3.
14. William
E. Murnion, “The Ideology of Social Justice in Economic Justice For All”,Journal
of Business Ethics, veja as páginas 847-857, 1989.
15. The
Chartist Movement: The Fraternal Democrats to the Working Classes of Great
Britain and Ireland, 10 de janeiro de 1848. Conforme republicado em
www.Marxists.org.
16. Karl
Marx and Friedrich Engels, The Communist Manifesto (Penguin, 1967),
pág. 104.
17. Erik
von Kuehnelt-Leddihn, Leftism: From de Sade and Marx to Hitler and Marcuse(Arlington
House, 1974), pág. 419.
18. Ibidem,
pág. 18.
19. Ibidem,
pág. 17.
20. Conforme
citado em Leftism, pág. 174.
21. Robert
Gellately, Lenin, Stalin, and Hitler: The Age of Social Catastrophe (Vintage,
2007), pág. 10.
22. Eugene
V. Debs, "The American Movement", publicado em Debs: His Life
Writings and Speeches, e reimpresso em www.Marxist.org.
23. E.
V. Debs, "The Prospect for Peace", American Socialist, 1916,
reimpresso em www.Marxist.org.
24. Mervyn
Matthews, Poverty in the Soviet Union: The Life-styles of the
Underprivileged in Recent Years (Cambridge University Press, 1986), pág.
7.
25. Maxim
Gorky, Days With Lenin, Readings in Russian Civilization, Volume 3 (The
University of Chicago Press, 1969), págs. 517-518.
26. Matthews, Poverty
in the Soviet Union, pág. 7-8.
27. Castro, Quando
o Povo Governa, discurso em 21 de janeiro de 1959, Havana, Cuba.
28. Che
Guevara, entrevista em 18 de abril de 1959 a dois jornalistas chineses, K’ung
Mai e Ping An.
29. Celia
Hart, ibidem.
30. Jim
Bohlen, Towards A Global Green Constitution, Sustainable Development
for a New World Agenda (Proceeding, October 17-20, 1990), pág. 11.
31. F.
A. Hayek, Law, Legislation and Liberty: The Political Order of a Free
People(University of Chicago Press, 1979), pág. 135.
32. Mark
W. Hendrickson, The Social Justice Fallacy? Wolves in Sheep’s Clothing, 7
de abril de 2010 (The Center for Vision & Values, Grove City College).
33. Ibidem.
Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.crossroad.to/articles2/forcing-change/010/10-social-justice.htm
Tradução: Talita S. Mendes
Data da publicação: 19/11/2010
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