O QUE VEJO?





Há tanta coisa ocorrendo no mundo, em tantos níveis, ao mesmo tempo, mas uma apenas importa. Posto que essa, a que importa, é a que menos encontramos. A escolha é fato diário da vida do ser humano. Escolhemos tudo. Talvez, menos a que importa. As coisas da vida vêm e vão. O homem sempre escolhe suas mudanças, suas guerras, seus desejos, seus sonhos, seus vícios, seus prazeres, suas lutas. O tempo passa. Muita coisa se repete. Muita coisa se reapresenta com outra cara. Apenas uma permanece imutável. 


Vejo o que vem se tornando uma espécie de surto paranoico, a disputa entre a religiosidade e o laicismo, entre o crer e o ceticismo, transmutando-se, cada qual, em intolerância, assumindo contornos obscuros; sob muitos aspectos vêm disfarçados de direitos, defesas, teses, conceitos e quantos outros nomes assumem tais condutas. 


Vejo a disputa recrudescer. Vejo pedras voando de todos os lados. Vejo feridas sangrando de todos os lados. Mas uma coisa a todos aproveitaria. Vejo guerras, vejo fome, vejo doenças, vejo filas em busca de pão, vejo filas em busca de abrigo, vejo filas em busca de proteção, vejo filas em busca de médicos, vejo filas em busca de remédios. Mas uma coisa a todos aproveitaria. 


Vejo manipulações de gente boa, vejo manipulações de gente má. Ainda assim, o sol nasce e a chuva cai sobre todos. 


Vejo uma busca por afeto, mas vejo o afeto se tornando escasso, por isso, mercantilizado. Vejo uma busca por um ombro amigo, mas vejo armaduras serem colocadas sobre os ombros. Vejo uma busca sobre um peito aberto, mas vejo couraças sobre eles. Vejo uma busca pelo belo, mas vejo a beleza se resumir em aparência. Vejo a busca da felicidade, mas vejo que esta se transforma em gafanhotos devoradores do tempo e da vida. 


Uma coisa importa mais que todas, mas pouco vejo que a buscamos. 


Olho no espelho todos os dias e o que vejo? Vejo um ser humano ou vejo uma catapulta de pedras? Vejo um ombro ou armadura? Vejo lábios ou guilhotinas? Vejo um peito ou vejo couraças instransponíveis? Pergunto qual será minha escolha. Pergunto se o que busco é o que mais importa. 


O que mais importa? O que mais importa é o que eu escolho como o mais importante. O que mais me importa é aquilo de que encho meu coração. E do que venho enchendo meu coração? O que venho escolhendo colocar dentro de mim? O que venho escolhendo colocar para fora? 


Espero estar fazendo a escolha certa. A escolha de cada dia. O pão de cada dia que me alimenta. Acredito que a todos isso possa alimentar. Acredito que a todos aproveitaria. Pois nunca vi atitudes que sucederam esta escolha matar. Nunca vi esta escolha mutilar. Nunca vi esta escolha fomentar o ódio, a intolerância, disputas, vinganças, torturas, perseguições, embora ela possa permitir que alguém seja repreendido para que cresça, para seu próprio bem. Nunca vi esta escolha permitir a si e aos outros, inclusive os repreendidos, andar às escuras. 


A mim, uma coisa mais importa, e busco que permeie todo o resto, o amor (Ágape). 


Não, não é fácil. Não, não é perfeito em mim. 


Espero que seja cada vez mais em mim, e assim busco. 
Espero que todos nele se aperfeiçoem. 
Espero que todos dele se lembrem. 
Espero que alcance a todos. 
Espero que estejamos nele. 


No amor.

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