Quem tem ouvidos para ouvir e olhos para ver?
O Som do Silêncio.*
‘Olá escuridão, velha amiga, vim falar outra vez com você porque uma visão um pouco arrepiante deixou sementes enquanto eu dormia; e a visão plantada em meu cérebro ainda permanece, no som do silêncio.
Em sonhos conturbados eu sigo só, em estreitas ruas de pedras, sob a luz das lanternas na rua; virei a gola por causa do frio e da umidade, quando meus olhos foram golpeados pelo brilho de uma luz de néon que dividiu a noite e tocou o som do silêncio.
E na nua luz pude ver dez mil pessoas, talvez mais, pessoas conversando sem falar, pessoas ouvindo sem escutar, pessoas escrevendo musicas que vozes jamais entoarão juntas... e ninguém se aventurava a romper o som do silêncio...
"Tolos," clamei, "vocês não sabem, o silêncio é como um câncer que cresce... ouçam as minhas palavras, as que posso ensinar- lhes... Segurem meus braços, os braços que eu posso estender- lhes "; mas minhas palavras caíam como silenciosas gotas d´água, e ecoavam no poço do silêncio.
E as pessoas se curvavam e rezavam para um deus de neon que elas mesmas criaram.
Então o sinal faiscou seu aviso formando palavras. E o sinal dizia: "As palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô e nos corredores das favelas"... E sussurravam nos sons do silêncio.’
* Uma profecia dita em meados dos anos 60 (do século passado), por Simon and Garfunkel (The sounds of silence).
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